sábado, 9 de junho de 2007

Herbert Parentes Fortes: um inquieto

Fernando Rodrigues Batista


"Foi Herbert acima de tudo um inquieto. Possuía uma inteligência luminosa, pronta, ardente, original. Não seguia caminhos já trilhados. (...) foi assim, Herbert Fortes, um modelo vivo de apostolado religioso e intelectual. Seu catolicismo era militante e ardente, animando toda sua vida doméstica, social e cultural. Jamais colheu os louros da vitória. Jamais conheceu a facilidade da vida. Jamais privou de perto com esses países por onde viajava a sua imaginação e onde ia abeberar-se a sua vasta e um tanto caótica efervescência cultural". Com estas palavras exprimia Alceu Amoroso Lima a significação que, no mundo da cultura nacional, tem Herbert Parentes Fortes, nosso homenageado.
O primeiro contato que tive com a obra de Herbert foi através de um livro seu editado por Gumercindo Rocha Dórea denominado "Filosofia da Linguagem". O livro data de 1956, e traz a nota explicativa de seu editor: "Foi no dia em que, inesperadamente, faleceu Herbert Parentes Fortes, - são passados apenas três anos - que fizemos um juramento: o de não deixar perecer a obra daquele homem, mestre, amigo e companheiro".
Foi um incansável estudioso da filologia portuguesa a que se dedicou desde tenra idade com entusiasmo sempre renovado. Por ser tão original, não logrou êxito nos concursos feitos no tradicional colégio Dom Pedro II, todavia, conquistou louvores e admiradores entusiastas.
Sua vida – no-lo diz Alceu – foi assim um drama permanente, uma agitação contínua, que ele enfrentava com uma extraordinária fortaleza de alma, assente numa fé inquebrantável. "Viveu sempre apressado, lutando contra a miséria, nesse drama contínuo de professor pobre, admirável professor sem dúvida, que dava a cada aula um calor de apostolado e que fazia discípulos entusiastas de toda uma geração baiana e quantos jovens cariocas".
Um exemplo desse drama permanente de sua vida, é que ainda no fragor de sua juventude, onde no jornal Era Nova (jornal católico da Bahia), dava todo seu fervor apostólico, em decorrência de ser acometido por uma gangrena no braço direito teve posteriormente de amputá-lo. No entanto, ao invés da irá, da desolação, rogou a Deus, que antes de tal infortúnio, lhe fosse concedido a graça de escrever um poema a Nossa Senhora, "como suprema e trágica homenagem à Virgem Mãe de Deus, daquele membro nobre que ia morre na arena do combate contra a ameaça de gangrena! Foi um gesto de autêntico gladiador cristão, que marcou e simbolizou, para toda a eternidade, essa alma generosa, ardente, pura, que iria ser como um meteoro no céu literário".
A vida, o apostolado, o intelectual, o "mártir do professorado", enfim, o homem, será homenageado neste espaço, o que o fazemos com total reverência, porquanto o exemplo de sua vida nos impele a cada dia buscarmos ser pessoas melhores.

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